Ambiente de trabalho pode ser gatilho para transtornos mentais

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças e transtornos mentais afetam mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Entre 75% e 85% das pessoas que sofrem desses males não têm acesso a tratamento adequado, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, a estimativa é de que 23 milhões de pessoas passem por tais problemas, sendo ao menos 5 milhões em níveis de moderado a grave.

A neuropsicóloga Marcella Bianca Neves, do Instituto do Cérebro e membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNP), alerta que a solução vai além de oferecer medicamentos e internação. “O acompanhamento psicológico frequente é fundamental para uma vida mais saudável e produtiva. Precisamos repensar as questões do suicídio, da medicalização e do aumento de cerca de 500% no consumo de Ritalina nos últimos anos. Temos que mudar o paradigma de que a psicoterapia serve apenas para pessoas com graves problemas psicológicos. A psicoterapia é fundamental para todas as pessoas e cuidar da saúde mental não é frescura”.

A especialista destaca que alguns estudos provam que o trabalho está totalmente associado ao estado emocional das pessoas. “Uma pesquisa realizada pela Universidade Nacional Australiana concluiu que ter um emprego estressante é pior para a saúde mental dos indivíduos do que não ter emprego. Segundo o artigo, os profissionais desempregados estavam em melhores condições do que aqueles que se sentiam sobrecarregados, inseguros e mal remunerados”, comenta.

Muitos pacientes relatam ter insônia, acordar mais cedo do que o habitual, apresentar dor de cabeça constante, mau humor, desânimo, cansaço excessivo, falta de concentração, angústia quando o domingo termina, mal-estar e aperto no peito. “As doenças mentais mais comuns que estão relacionadas ao ambiente de trabalho são depressão, transtorno de pânico, ansiedade e síndrome de Burnout. São patologias desencadeadas pelo estilo de vida e podem ser evitadas com algumas estratégias, como reconhecer que os pensamentos e sentimentos são apenas pensamentos e sentimentos – e não fatos; buscar auxílio especializado; manter o local de trabalho organizado; fazer pausas; procurar o autoconhecimento; desfrutar de momentos de lazer com amigos e familiares e aprender a separar o trabalho do cotidiano”, pontua Marcella.

FONTE: CIPA

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